Os últimos tempos foram marcados por um florescimento esplendoroso de memórias, o que tem acabado com a minha necessidade de plantar regularmente novas emoções. Algumas lembranças são tão profundas que é mais doloroso arrancá-las do que reviver, pouco a pouco, devagarinho, seu sofrimento. Especialmente hoje, relutam em renascer esboços de um quatorze que não fora amarelado pelo tempo, suas raízes permanecem intactas, resistem à corrosão do tempo e crescem, se ramificando por todo presente. Inafastável é o carinho de outrora recebido e o consequente amargo de agora. Impossível a não comparação. Não havia comprometimento e é inquestionável a dor, por este motivo, ocasionada, mas havia, ancorado naquela relação, profundamente, um amor, que amparava, protegia e tornava especial mesmo as meras batidas rotineiras do coração. Estas se transformavam em batidas de felicidade, de ansiedade pelo encontro. A paciência se transformara em amor. Pois, como poderia ser sem ela? As palavras se uniam em forma de declaração e, por alguns momentos, não era tão solitário viver. Desde o começo dos tempos, cada um sempre teve seu modo de sentir, só que fazer meu peito sorrir de felicidade, ninguém mais será capaz. Neste nebuloso dia, a lassidão consome minha voz e me restrinjo a externar um sim em concordãncia. Descontrolados sentimentos intensos e sinceros não mais fervilham em meu peito. Há uma esperança tola e um amor terno, adormecido. As palavras brutas serão enterradas e o silêncio das palavras doces que nada dizem irá preencher o vazio das conversas. Eu avisei que enquanto eu gritasse, brigasse, incomodasse, discordasse, estaria tudo bem, mas Érico Veríssimo, com acerto declarou "o oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença."
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
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